Institutos federais alinham currículo ao mercado; área é uma das prioridades do MEC
O incentivo ao ensino técnico como ferramenta para o desenvolvimento econômico entrou na lista de prioridades do MEC. Neste sentido, é estratégico o papel dos institutos federais, que, por meio dos Arranjos Produtivos Locais (APLs), investem na criação de cursos e contribuem para o aumento da empregabilidade dos jovens, dinamizando setores com necessidade ou potencial de crescimento. Os reflexos dessa política já podem ser verificados no Instituto Federal de Brasília (IFB), do qual mais da metade dos estudantes formados estão, atualmente, empregados. Para o reitor do IFB, Wilson Conciani, o bom índice de colocação desses jovens no mercado decorre de uma grande demanda de educação profissional, especialmente na área da indústria.
“Se não conseguirmos agregar valor aos produtos que temos, não vamos nunca superar a condição de país em desenvolvimento”, adverte o reitor, entrevistado do programa Educação no Ar, produzido pela TV MEC e transmitido pela NBR sempre às quintas-feiras. “É preciso ter tecnologia, e tecnologia não nasce só na pesquisa ou só na empresa. Ela nasce da conjugação dessas duas coisas, onde se encontram os institutos federais e a educação profissional.” Ele cita o exemplo da União Europeia: “A comunidade dos estados europeus adotou como meta ter 75% das pessoas com formação técnica de nível médio na área de indústria, mais 10% na área de serviço e o restante do jeito que fosse. Por que eles tiveram essa preocupação? Porque, na verdade, quem sustenta tudo isso é a indústria.”
Estudos periódicos realizados pelo MEC para identificar as necessidades dos setores produtivos ajudam a nortear a abertura de novos campos tecnológicos e a construção de grades e perfis curriculares. Segundo Conciani, um dos principais bancos de dados utilizados pelo MEC, o do Sistema Nacional de Emprego (Sine), “dá pistas de onde estão as demandas” – que variam ano após ano. Também funcionam como parâmetro as demandas estruturantes que oscilam conforme os grandes projetos de governo.
Os institutos federais não trabalham apenas com arranjos de produtos, mas também dos sociais e culturais, lembra o reitor do IFB. “Se eu pensar num curso de agroindústria, quem mais se beneficiaria disso seriam os pequenos produtores agrícolas”, exemplifica. “A gente conversa com essas pessoas para ver do que elas precisam, qual o conhecimento específico, e em torno desse conhecimento a gente organiza um curso. Então, o aluno sai com um conhecimento demandado pelo mundo, e isso facilita seu ingresso no mercado de trabalho.”
Para aferição da eficácia dos cursos técnicos, o MEC tem como primeira base o retorno imediato, que é o percentual de egressos dos institutos federais empregados. Mas as reitorias dos institutos fazem um monitoramento constante que vai além dos números, identificando tanto os alunos que, ao saírem das instituições, optam por cursos de graduação, quanto aqueles que sustentam suas graduações com a profissão exercida a partir da formação técnica.
No IFB, são realizados encontros semestrais ou anuais com esses ex-alunos para ver o que mudou na vida deles. “Isso é até mais importante do que a questão emprego, porque o estudante começa a falar das transformações experimentadas”, avalia Wilson Conciani. “Esta é uma avaliação pouco vista, porque não é um dado imediato. O dado imediato é salário, mas há outra avaliação, que é a de mudança de comportamento, de padrão social e de atitude.”
Assista aqui a entrevista
Assessoria de Comunicação Social do MEC
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