Professor do IFB compara ensino da matemática no Brasil e na Austrália em tese de doutorado
Estimular a criatividade, a resolução de problemas e a aprendizagem em sala de aula com o uso da matemática é a missão de Mateus Fonseca. Professor do Instituto Federal de Brasília (IFB), ele foi um dos seis brasileiros selecionados em um programa da Embaixada da Austrália para passar dois meses naquele país, entre junho e agosto desse ano. Durante o período de intercâmbio, conheceu o sistema educacional de lá e ampliou as pesquisas para o doutorado que faz na Universidade de Brasília (UnB). A tese de Mateus compara traços de criatividade no campo da matemática entre estudantes do Brasil e da Austrália.
O objetivo do edital foi estreitar parcerias de pesquisa entre os dois países e dar oportunidade para doutorandos complementarem os estudos. Mateus afirma que tinha interesse em conhecer a estrutura educacional australiana, que considera diferente, principalmente no ensino médio, em que desde cedo os estudantes começam a escolher as disciplinas de interesse. O pesquisador destaca a separação por focos, estilos e perfis de aprendizado.
“Na high school, você tem quatro perfis de matemática: essencial, geral, de métodos – uma espécie de pré-cálculo que não temos na escola regular aqui – e especialista em matemática, que, de fato, é matéria de nível superior”, conta. “Lá, você tem estudantes que só querem a matemática essencial; eles vão para a classe e terão aulas de matemática essencial. Se tem estudantes que querem fazer engenharia e querem avançar no conhecimento matemático, no ensino médio eles chegam a ter conhecimento de matemática que aqui a gente começa a ver no primeiro ano da graduação.”
Incentivo – O professor avalia que competições como a Olimpíada Brasileira de Matemática são um incentivo para motivar os alunos a estudarem a disciplina, já que estimulam a criatividade. Ele defende que é preciso dar liberdade de pensamento, permitir que os estudantes proponham suas soluções e trabalhem de forma colaborativa. “Muitas vezes, se você coloca um problema, ainda que seja um problema que vai levar tempo para o estudante achar uma resposta, e permite que ele pense, para que gere e teste suas hipóteses sem o professor falar, necessariamente, que está certo ou errado, é um caminho”, ressalta.
Na opinião de Mateus, cabe aos professores ter sensibilidade para preparar os alunos para a vida, e a matemática faz parte dela. “Que a matemática está no dia-a-dia é fato. Agora, o quanto que nós devemos aprender essa matemática para o dia-a-dia? Aqui é um pouco complicado, mas o professor tem que tentar lidar com isso. E, aos poucos, a gente tem que tentar mesclar os objetivos de um vestibular, de um Programa de Avaliação Seriada [PAS/UnB] ou do Exame Nacional do Ensino Médio, como também pensar que o estudante tem que ser formado para a vida. Tem que sair dali [da escola] capaz de resolver esses problemas.”
O pesquisador acredita que a educação brasileira tem avançado, mas que é preciso multiplicar o conhecimento para que a mudança realmente ocorra em sala de aula. “Nós temos hoje a atuação da Sociedade Brasileira de Educação Matemática junto aos estados, com iniciativas de estimular a matemática tanto para estudantes da educação básica, como também para os professores. Eu acho que essa multiplicação de experiências, seja lá fora ou em cursos aqui de pós-graduação ou de extensão é o caminho para que haja aos poucos uma mudança da prática pedagógica.”
Assessoria de Comunicação Social
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