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Instituto Federal do Amazonas inova ao adotar língua indígena

Publicado: Quinta, 21 de Dezembro de 2017, 11h41 | Última atualização em Sexta, 22 de Dezembro de 2017, 11h17 | Acessos: 753

O Instituto Federal do Amazonas (Ifam) inovou no acesso dos indígenas à educação profissional e tecnológica em 2017. Em uma ação inédita no Brasil, candidatos indígenas de Maués e São Gabriel da Cachoeira – municípios respectivamente distantes 253 km e 851 km de Manaus – tiveram a oportunidade de fazer a redação do processo seletivo do Ifam em sua língua materna.

Com 43 candidatos inscritos, o Ifam Campus Maués ofertou o curso técnico de nível médio integrado EJA/Proeja/Indígena em agroecologia, que atende a demanda da comunidade e, por meio da pedagogia da alternância, promove interculturalidade, respeito à cultura tradicional indígena e troca de saberes. O processo seletivo teve duas etapas: prova de redação, em português ou na língua indígena, e entrevista com o candidato.

Em Maués, o Ifam teve apoio do Conselho Geral da tribo Sateré-Mawé na comissão de avaliação dos candidatos. O tema da redação, sorteado pelo tuxaua (chefe) Josibias Alencar dos Santos, foi “A origem do povo Sataré-Mawé”.

O reitor do Ifam, Antonio Venâncio Castelo Branco, destaca a redação em uma língua indígena como importante para ampliar o acesso de jovens e adultos à educação profissional. “Essa ação faz com que a língua seja mais valorizada e tenha sua importância reconhecida”, afirma. “Somos um estado com forte presença indígena e não podemos fechar os olhos para essa parcela da população que anseia por oportunidades de qualificação acadêmica e profissional. ”

Experiência – Moradora da Ilha Michiles, localizada no rio Marau, em Maués, a candidata Joziane Santos, 18 anos, agradeceu a oportunidade de ter a qualificação profissional sem deixar o local onde vive. “Poder estudar aqui na comunidade sem ter que abandonar a família é algo muito positivo, já que enfrentamos muitas dificuldades ao sair da aldeia para estudar na zona urbana”, disse.

Segundo o professor indígena Inácio Cristiano, o ineditismo da ação faz com que políticas públicas de educação cheguem a todos os cidadãos brasileiros. “Estamos derrubando muros com a oferta de um curso do Ifam em território Sateré-Mawé e, principalmente, realizando o sonho destes jovens em poder continuar com os estudos e contribuir com a aldeia por meio do curso em agroecologia”, ressaltou.

“Implantar um curso em área indígena é um marco histórico para o município de Maués”, avaliou o diretor-geral do Ifam Campus Maués, Elias Souza. “É nítida a ousadia e o grande desafio na implantação deste curso, porém temos o compromisso, enquanto rede federal de educação, de levar um ensino público, gratuito e de qualidade aos povos mais distantes desse país”.

Língua cooficial – Situado na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela, São Gabriel da Cachoeira foi o primeiro município brasileiro a cooficializar as línguas indígenas nheengatu, tukano e baniwa. O município atualmente possui aproximadamente 45 mil indígenas de 23 etnias diferentes.

Em março deste ano, o Campus São Gabriel da Cachoeira iniciou a primeira turma de nheengatu – língua oficial – por meio do Centro de Idiomas. O objetivo é que servidores do campus possam atender aos alunos indígenas matriculados e produzir materiais didáticos na língua indígena. O curso é ministrado pelo professor indígena Edilson Martins Melgueiro – que, no idioma baniwa, é chamado Kadakawali.

Para o Processo Seletivo 2018/1º semestre, o Ifam Campus São Gabriel da Cachoeira ofertou 265 vagas distribuídas entre os cursos de administração, informática, agropecuária, secretaria escolar e enfermagem, tanto na forma integrada (quando o aluno estuda o ensino médio e o curso técnico ao mesmo tempo) quanto na forma subsequente (candidatos com ensino médio concluído e que desejam apenas a formação técnica).

Assessoria de Comunicação Social 

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