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Curso do Instituto Federal da Amazônia ajuda a promover resgate da produção indígena

Publicado: Sexta, 13 de Abril de 2018, 10h29 | Última atualização em Quinta, 03 de Maio de 2018, 10h30 | Acessos: 412

No meio da selva amazônica, uma comunidade indígena aprende teoria e prática sobre agricultura e ecologia em língua nativa.  São estudantes do curso de agroecologia de nível médio na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam). Este é o tema do programa da série Trilhas da Educação, produzido pela Rádio MEC e irradiado nesta sexta, 16.

É a primeira vez que uma instituição federal de ensino do Amazonas sai do campus e vai para o território oferecer um curso em contato direto com os indígenas. A experiência, segundo a coordenadora do projeto, Darlane Saraiva, tem mostrado que o conhecimento da tribo é parte fundamental no processo de formação dos alunos.

“Os sateré-maués não trabalham longe da família”, explica Darlane. “Todo aquele conhecimento que eles têm da história do seu povo, de demarcação de território, o que eles cultivam e o que eles cultivaram dentro do território, toda essa história está enraizada também dentro dos estudos de agroecologia com o Ifam. ”

Semanalmente, os professores partem do campus do Ifam, em Maués, distante 268 km de Manaus, e seguem de lancha pelo rio Maraú até a ilha de Machiles, que serve de polo para os indígenas das sete comunidades.  “Nessa região onde estamos trabalhando tem ocorrido carência em alguns tipos de alimentos”, conta Darlane. “Algumas culturas têm sumido, a caça já não se encontra próxima às comunidades, o peixe nos rios já não tem na mesma quantidade de 20 anos atrás”.

Um dos idealizadores do curso junto à comissão do Ifam, Josebias Tuxaua, líder sateré-mawé na comunidade da ilha de Machiles, fala sobre o trabalho desenvolvido com a comunidade: “O método de plantio sempre foi de forma tradicional, conforme o conhecimento passado pelos antigos para as novas gerações. Por isso o curso é importante para voltar a valorizar, fortalecer e manter esses alimentos que são saudáveis”.

Interação – O conteúdo do curso também é ministrado na língua nativa, graças aos professores indígenas que integram a equipe. Quando necessário, eles auxiliam os demais, traduzindo e colaborando para a melhor compreensão das tarefas.

 “A todo o momento tem um professor que não é apenas um intérprete”, destaca Darlane. “Ele é um professor da língua sataré-maué, e os professores do Ifam têm se comprometido a aprender pelo menos alguns traços desse idioma para ajudar os seus alunos, porque as aulas são bilíngues. Tem alunos que falam os dois idiomas e tem alunos que entendem melhor a língua maué. ”

Para o líder indígena, esse método, além de ser um facilitador em sala de aula, colabora para o fortalecimento da língua dentro da própria comunidade. “O curso vai trabalhar de acordo com a necessidade dos alunos. Então, nada melhor do que a gente poder trabalhar a língua sateré-maué no curso. Tem sido um esforço muito significativo da parte dos professores poderem trabalhar a língua, sendo que isso também é fundamental para o fortalecimento do idioma sateré-maué. ”

São três anos de curso. A primeira turma, iniciada em março, tem 38 alunos com idade entre 17 e 54 anos. Para a coordenadora, a experiência tem alcançado de forma positiva os moradores de cada uma das aldeias. Eles demonstram interesse pelo tema e já colocam em prática o que tem sido ensinado ao longo das aulas. “Eles levam o plano de estudo para casa, estudam junto aos seus comunitários e principalmente com a sua própria família, na unidade de produção, no quintal do aluno mesmo”, conta.

“O que mais nós precisamos é de aprender a conciliar nosso trabalho com a natureza, com o meio ambiente, porque dela nós tiramos o nosso sustento”, frisa Josebias. “É saber usufruir, mas também cuidar do ambiente em que nós vivemos”.

Ainda como projeto piloto, esta edição do curso não apenas formará alunos das sete comunidades ribeirinhas atualmente envolvidas no trabalho. Essa experiência poderá ser estendida a outras etnias, já que diversas outras comunidades indígenas procuram o Ifam com interesse em cursos de formação em nível médio.

Assessoria de Comunicação Social

 

 
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